Clonagem humana
A clonagem pode ser definida cientificamente como a cópia ou duplicação de células ou de embriões a partir de um ser já adulto. As cópias possuem todas as características físicas e biológicas do seu “pai genético”.
Em Julho de 1996, na Escócia, nasceu Dolly uma saudável ovelha que apresentava uma particular diferença relativamente a todas as outras: Dolly não foi gerada de forma natural, ou seja, sexuadamente, mas foi produzida artificialmente em laboratório a partir de uma única célula da mama de uma ovelha adulta. Nasceu desta forma o primeiro clone animal, que era um autêntico duplicado da sua “mãe”.
Paralelamente ao nascimento de Dolly iniciou-se uma grande discussão relativa à clonagem, arrastando consigo bastantes alarmismos por parte de toda a sociedade (ou pelo menos da maioria).
Hoje, a discussão continua. Já foram clonados mais animais posteriormente ao nascimento de Dolly e comenta-se agora a possibilidade de já ter nascido o primeiro clone humano.
Os cientistas disputam a primazia na corrida pelos seus objectivos. A maioria destes cientistas está dominada por pensamentos egocêntricos; apenas pretendem satisfazer os seus anseios pessoais, deixando de parte aspectos adversos deste árduo processo. Talvez estes cientistas actuem agora desta forma para mais tarde serem relembrados como os primeiros cientistas a clonarem um ser humano.
Caso a clonagem seja permitida haverá certamente o abuso deste processo em proveito de alguns. Serão gerados indivíduos com destinos traçados de acordo com os interesses dos seus criadores. Pessoas iguais às geradas sexuadamente mas com o cérebro controlado, funcionando como uma espécie de robots ou andróides.
Muitos defendem a clonagem perspectivando-a como uma alternativa do futuro, por exemplo, para casais estéreis. Contudo se reflectirmos bem podemos constatar que do ponto de vista parental não se tratará de um filho, mas sim de uma espécie de irmão gémeo. E será que a ciência não contribuiria mais para estas pessoas se conseguisse uma forma de tratar a sua esterilidade?
Outros perspectivam a clonagem como uma possibilidade de tratar de problemas terapêuticos. Defendem que a clonagem humana pode ser útil para criar um ser do qual se possa retirar órgãos necessários para a sobrevivência de uma outra pessoa. Mas será justo criar uma pessoa para acabar com a sua existência logo de seguida? Nós não sabemos como se sentirá um clone (se é que ele terá sentimentos) ao saber que é a cópia exacta de outra pessoa e que apenas foi criada por que alguém desejava ter um irmão gémeo, por exemplo.
Para aqueles que vêem na clonagem uma hipótese de reaver pessoas queridas que já tenham partido para outro mundo é importante que saibam que o ADN não determina a personalidade de cada um e que mesmo sendo o clone um duplicado de uma pessoa não terá a mesma personalidade, isto porque a manipulação genética apenas permite determinar como deve ser o cérebro de cada um. Essa pessoa clonada, apesar de ter a mesma aparência física que a outra, não terá concerteza os mesmos sentimentos ou pensamentos. A morte é uma característica comum a todos os seres vivos. Desde sempre que os seres vivos nascem, evoluem e morrem...assim se define a lei da vida.
Para finalizar, o futuro da Medicina não deve ser tomado única e exclusivamente pelos médicos/cientistas mas sim por toda a sociedade.
Um ser humano não é instrumento para determinados objectivos; não pode ser um meio para satisfazer os gostos de outros.
Cada ser humano é sempre um fim em si mesmo. A clonagem humana poderá será apenas mais um caminho delineado para conduzir o Homem à sua própria auto-destruição.
Helder Lopes